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segunda-feira, julho 11, 2005
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... monumento, alguém disse expedicionário?...

A insônia anda cada vez pior, cada dia que passa, não consigo dormir. Ontem fui à casa da Carol, que estava lá com a Pilar, passei três horas lá e tive sono, cheguei em casa antes da 1 da manhã, obviamente já sem sono¬¬
Sabe aqueles dias que você chega em casa com dores nas costas sem ter feito nada, absolutamente nada, interessante ou útil e pensa que dia desnecessário, e então tem aquela vontade absurda de descarregar um pente em sua cabeça? Pois é, hoje eu fiz isso.

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Peguei o revolver escondido no armário do meu pai, no fundo falso, fingi que ia pegar um remédio. Vim para os fundos com a arma entre meus bagos, o que gerou alguma dor e frio, e motivos mais para se matar...

De saco cheio, literalmente, tentei colocar a arma em minha boca, mas lembrei que poderia dar o tiro e continuar vivo, agonizando por horas, então botei no meio da testa. Havia uma espinha bem no meio, usei-a de alvo, foi divertido até. Puxei o maldito gatilho e a bala percorreu todo o cano da arma, espremeu a espinha e perfurou minha pele numa velocidade incrível. Encontrou algum desafio pela frente no osso frontal, uma cabeça dura, sem dúvida. Conseguiu superar, com alguma dificuldade, a dureza e se pôs a adentrar a minha mente. A bala estava quente devido à velocidade, mas por algum motivo era confortável tela ali. Perfurou primeiro a parte motora, senti meus dedos dos pés adormecerem lentamente, dentro do possível na fração de segundo. Meus braços caíram e a arma se deu no chão. Minha cara paralisou com um sorriso estático de satisfação. A dor nas costas tinha passado.

A segunda etapa foi a das memórias. Essa foi muito fácil por um tempo. Essa parte em geral fica vazia a maior parte do tempo em minha mente. Aos poucos, porém, o pedaço de metal em forma cilíndrica de ponta romba começou a se ver em apuros. Foi bombardeado por milhares de informações desconexas, sem começo ou meio, às vezes sem um fim definido. Havia muita coisa ali, coisas para as quais o chumbo não estava preparado. Afinal, era apenas um garoto. Muitas coisas haviam sido vividas e guardadas naquele lugar de desordem e caos supremos, completamente perdidas em um esquecimento desdobrado do qual o próprio dono jamais teria acesso. Por um momento, a bala pensou que não chegaria a seu destino final.

Após um tempo incompreensível para ultrapassar alguns centímetros, finalmente o metal se encontrou na próxima camada. Relações. Perdeu-se nessa quase tanto quanto a outra, mas seus átomos já haviam entrado em cabeças mais confusas afetivamente. O alvo viera de relações confusas, mas ainda sim boas. Lembranças de relacionamentos, antigos e atuais, transbordavam felicidades. Notou um canto escuro enquanto seguia, com uma placa escrito cuidado com a cadela, provavelmente se trataria de uma ex, mas ao olhar melhor viu uma cara inconfundivelmente parecida com o objeto irrompido. Era sua mãe. O projétil resolveu não passar por ali, aquele lugar lhe dava arrepios, e fez o possível para dar o contorno maior, embora tivesse que transpor a parte na qual se encontrava a falta de carinho, ou interesse, pelos familiares...

Superada esta camada mais, começava a sentir um calor escaldante. Sim, pensamentos. Não havia foco algum ali, era mais difícil avançar do que nas memórias, era ainda mais desorganizado. Quando conseguia ver uma luz fixa, outras dez irrompiam ofuscando-lhe completamente e o levando para fora de seu rumo. Milhares de perguntas sem respostas lhe indagavam deixando a pobre vítima do disparo e de uma explosão de pólvora dentro de um calibre trinta e oito sem respostas, completamente confuso e indignado com a situação em que se encontrava. Por raios entrara naquela roubada? Seja um pedaço da automóvel mamãe lhe dissera, mas não, o jovem em busca de aventuras inventou de ser uma bala. Foi então que lhe veio uma luz, não se sabe se dele ou do hospedeiro, mas ele visualizou seu destino logo ali à sua frente, o lugar que fazia o coração bater. Porque o diabo do guri simplesmente não atirou no peito e o poupou de todas essas dúvidas e questionamentos morais que o assombrariam o resto de sua não-vida? Essas malditas lembranças sem conexão? Esse maldito desejo de ser um pouco mais alguma coisa. Bom, agora ele poderia descansar, se alojou e ali, naquele lugar quentinho e confortável que era aquela célula em especial e lá ficou descansado, até que removessem antes de enterrar o corpo.

Enfim, estava feito.

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Está me evitando?
Por quê?

 
posted by Chando, Lucas at 1:52 AM | Permalink |