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segunda-feira, maio 09, 2005
Não sei se já postei esses pés aí, mas eu gosto deles...


Às vezes não faz realmente sentido algum esperar por alguma coisa para tomar uma atitude, mesmo sem saber que coisa é essa. Melhor, nunca faz sentido. As coisas não tem mais feito muito sentido ultimamente para essa cabecinha atrás dos dedos. Nunca fizeram, mas estão não fazendo em especial.
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Eu me sinto meio, assim.
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"Aquele que é= Ala"
Sabiam? Acho uma ótima definição de Deus.
"Aquele que não é"
o que seria?
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O garoto deu voltas e voltas pelo apartamento, ele estava ficando tonto. Ele detesta ser chamado de garoto, mas nunca foi mais do que isso, mesmo com todos dizendo o "quanta maturidade" e baboseiras o gênero ele nunca deixou de ser um garoto. Confuso; nunca cresceu o suficiente para entender o sentido da vida, nunca vai crescer o suficiente para tentar fazer uma asneira dessas. Quando completou a décima sétima volta ele se olhou no espelho, e re-começou a contagem. Não fazia qualquer sentido, mas para ele fazia. Ele dava uma volta na casa e olhava-se, então duas voltas e uma olhadinha, três voltas e mais uma espiadela, e assim ia até completar 25, quando começava tudo outra vez do primeiro algarismo, porque se não lhe cansavam as pernas. Ele já havia começado do mmc de um e um umas três vezes naquela tarde. Chovia; ele gostava de se olhar no espelho. Não se achava muito bonito (gostava de se ver com a cara limpa, embora se desejasse ao mesmo tempo ter mais barba), mas achava especialmente agradável ver a própria imagem a ser refletida. Ele sempre sorria; ela sempre sorria de volta. Quando se deu por conta havia escurecido.

A noite era densa, e ainda chovia. Saiu de casa com a chave sendo girada em silencio. Achava especialmente triste não ter alguém para dizer "estou saindo!" ou "cheguei!" quando girava aquela maldita chave que ele quis tanto. Às vezes ele tentava, mas não havia pergunta alguma parecida com "Aonde vai?", "Que horas volta?" ou "Te espero pro jantar?". Não mais lhe diziam para pegar o casaco, que "vai esfriar". Ele de súbito se lembrou de pegar o casaco, era grande o casaco. Era um sobretudo de lã, preto, e estava chovendo, certamente ficaria encharcado e pesado, mas ele não pensou muito nisso. Sua atenção estava toda voltada para onde iria no momento: Lugar Nenhum. Lugar Nenhum era como ela chamava o seu lugar especial, todo mundo tem um desses; não? Ele seguia para lá sempre que estava abatido, sempre só, sempre que tinha algo importante a pensar. Ele não era muito impulsivo, ou pelo menos não desejava ser, vez que todas as suas decisões tomadas com impulsividade lhe trouxeram prejuízo, nem tanto financeiramente, mais emocionalmente. Ele costumava pensar antes, sempre antes, mesmo que nunca aja um depois ou mesmo o agora, ele já havia pensado. Ele não era tão precavido, ele era mais sonhador mesmo, sempre sonhou alto demais, mas dando sempre grandes rasantes, vez por outra se espatifando no chão.

Lugar Nenhum estava vazio aquela noite, como sempre, mas grandiosamente triste. Ele nunca havia visto aquele seu habitat tão solitário. Identificava-se com Renato que havia dito que a solidão até lhe caia bem. Ele, o frio, a lua, o vinho. Sempre rufou por vinho tinto. Se tivesse tambores naquela hora rufaria pelo próprio. Lugar Nenhum estava desesperador, parecia gritar de repente, ele assustou-se, sentiu muito enjôo por ter estado ali, decidiu correr.

Durante dez minutos ele correu como um doudo foge do médico. Parou pois estava cansado, havia um tempo que não se prestava a qualquer espécie de exercício físico, e por que havia derramado um pouco de vinho em seu sobretudo. Ele nunca gostou de derramar vinho no seu sobretudo, a lã mantém normalmente o cheiro por mais tempo, e não é todo dia que se lava uma dessas vestes, alem de ser um desperdício do líquido pelo qual rufava. Ele não sabia onde estava, parecia ter corrido de olhos fechados aquele tempo todo, foi bastante tempo. Sentiu-se o que não gostava e lá ficou como um garoto indefeso e chorão, preso ao chão, com o vinho na mão e não mais muito são. Ele finalmente sorriu quando suas lagrimas junto à água da chuva, agora fina, formaram uma poça e ele viu seu reflexo. A imagem sorriu de volta e ele se sentiu levemente feliz. Caminhou um pouco, e se achou numa rua conhecida, mas não sabia como chegará lá. Esta sem qualquer noção do tempo e provavelmente caminhará muito tempo sem saber onde estava, mas ele estava lá, e o vinho acabara a tempo. O efeito do álcool começava a passar e ele começava a sentir o frio novamente, eterno companheiro de sua solidão; ele sempre gostou de frio, muito mais do que de calor, e a solidão sempre lhe caiu bem, segundo Renato.

Estava amanhecendo agora. Algumas horas haviam se passado. Ele com o frio e com a solidão, discutindo em vão, sobre uns golfinhos, longa história. Os pássaros começaram a cantar e o céu ficava mais claro. Ele adorava essas aves cantando de manha quando acordava, mas era muito melhor quando não dormia, eles quebravam o silêncio da noite; por mais que gostasse do silencio, era uma barulheira agradável aquela.

No fim, ele voltou para a casa, girou a chave e disse mais uma vez "querida, cheguei!" mas ele não tinha querida, nenhuma, escolheu errado entre algo e o amor de uma mulher. Mas ele tinha chances de errar, havia muito tempo para acertar de novo os erros do passado, coisas vem e vão conforme a banda toca, e ele sabe que a vida é um ioio de altos e baixos. Enfim, ele teve a chance de acertar, e errou, mas o que esperavam dele, ele é só um garoto. Seres humanos garotos somos todos, a exceção de alguns, que são garotas...
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à todos, obrigado.



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posted by Chando, Lucas at 7:31 PM | Permalink |