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domingo, abril 10, 2005
A rua silenciosa

E disseram-lhe para não se envergonhar de seus atos. Nunca lhe disseram nada em relação a seus pensamentos, ele ficou triste por isso. Ele sempre foi verdadeiro, apenas sentiu-se mal por ter aqueles pensamentos. Pecaminosos, alguém diria, promíscuos talvez. Ele os achava normais, tinha vergonha de não sentir vergonha deles, na sua cabeça ele deveria sentir. Foi muito estranho o dia que chegaram pra ele e disseram espantados algo do gênero "tu realmente pensa assim?!". Doloroso até. Ele é realmente estranho, sempre pensou diferente, não sei se à frente do seu tempo, ou atrás, mas com certeza diferente. Suas idéias não parecem fazer muito sentido aos outros, não como fazem pra ele, isso tem um grande reflexo em suas ações. Ele age de um jeito impulsivo. É fácil se tentarem, ele disse, apenas faça o que seu corpo tiver vontade de fazer, experimente pensar com os braços um pouco. Não fez sentido, mas faz para ele até hoje. Ele pensa de um jeito realmente diferente, vê a vida de um jeito tão estranho que as vezes nem ele compreende, e nessas horas todos acham que entendem o "coitadinho", outras vezes ele entende tudo inteiramente, todos os jeitos possíveis das coisas realmente funcionarem, e todos os outros nessas horas o chamam de louco. Mas os pensamentos eram normais pra ele, era parte natural de sua vida, repetia isso para si, era estranho para ele alguém ver malícia naquilo, como se alguém estivesse observando seus pensamentos e dizendo "isso é errado, envergonhe-se" ele não conseguia obedecer leis tão abusivas. "Isso é errado? Diga-me o porque?" Ele indagava a voz na sua cabeça... Não havia resposta alguma, ele simplesmente não conseguia achar errado, então não era.
Ele caminhou mais um pouco no meio da rua silenciosa. Ele usava pantufas, tinha uma calça de moletom tapando-lhe as vergonhas, não que para ele fossem vergonhas, ele também não conseguia achar errado destapar suas vergonhas em publico, alem do mais ali não havia um único publico, ou havia, mas ele diz publico no sentido de publico humano. Nada sobre o dorso. Estava frio. Ele parecia um bebe naquela noite, estava um tanto desolado com tudo, com os pensamentos. Suas pantufas já estavam meio sujas por ele as estar usando na rua, seu pensamento se desviou um pouco de tudo."Preciso limpá-las amanha de manha, não à tarde, de manha devo estar dormindo." Ele realmente sentiu-se só. Não havia muito pra se fazer na rua silenciosa, não havia muito alem de pensar e caminhar. Não havia muito motivo para caminhar, uma vez que a rua sempre continuava, vez por outra com um latido, silenciosa, e ela continuava e quando ela acabasse se transformaria em outra, e a qualquer hora ele estaria ando em círculos, ou quadrados, de ruas silenciosas, então não havia sentido andar por elas, mas não é que ele não quisesse ir à nenhum lugar, ele queria ir à lugar algum. Então ele caminhava, sem ter o intuito de caminhar realmente, mas caminhava, para não ficar parado, não ficar com frio, não ficar com medo...
Aqueles pensamentos voltaram à sua cabeça quando o frio passou e ele parou de pensar para onde estava indo e o que diabos ele estava fazendo de pantufas, uma vez que ele mesmo deveria limpá-las depois. Era estranho para ele toda a outra visão, todo o medo, todo o ‘estranhismo’ da situação. Foi um bom momento aquele ultimo mês ele pensou. Ele respeitava a outra visão, afinal ele amava-a. Ainda ama. Mas era estranho sobre tudo, ele pensava de um jeito tão diferente que aos poucos caminhar na rua silenciosa não fazia mais tanto efeito, mesmo de pantufas. Ele não sabia mais direito o que pensar, ou dizer, ou fazer, ele estava perdido naquele momento, apesar de ter sido um bom momento. Nunca se acostumou realmente com o fato de o momento ter que acabar, parecia que dessa vez não acabaria, não se esmigalharia, mas dessa vez ira acabar, e não seria como das outras vezes, seria diferente, porque ele não poderia agir de forma nenhuma para impedir, ou acelerar o processo, ou ele mesmo acabar, ou ele voltar atrás, simplesmente não havia. Isso lhe causava medo.
Ele desistiu de tentar entender o mundo dele naquela noite. O mundo dele estava muito confuso com tudo, apesar de muito certo do que queria. E como queria. E de quem. Haveria outras noites nas quais ele perderia o sono, e ele caminharia de pantufas na rua silenciosa, provavelmente com os mesmos pensamentos promíscuos que eram-lhe normais. Ele tinha certeza que haveria outras noites, aquela não era a primeira, nem a ultima vez que ele sujaria suas pantufas. Ele apenas já tinha cansado as pernas, e o cérebro, naquela noite. Era hora de voltar...
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O post de hoje esta dividido em duas partes, esse foi o fim da parte um, imediatamente após o próximo traço iniciar-se-a a parte dois...que não passa de besteira, não é realmente importante mas serve para todos esquecerem o que leram na parte um e não se preocuparem depois de rir um pouco...
traço

SINTOMA: Você não consegue entender o que seus amigos bebuns falam.
CAUSA: Baixo grau alcoólico no seu sangue.
SOLUÇÃO: Beba mais.

SINTOMA: Pés gelados e úmidos.
CAUSA: Você está segurando o copo pelo lado errado.
SOLUÇÃO: Gire o copo a 180 graus até que a parte aberta esteja virada para cima..

SINTOMA: Pés quentes e úmidos.
CAUSA: Você mijou nas calças.
SOLUÇÃO: Vá se secar no banheiro mais próximo.

SINTOMA: A parede a sua frente está cheia de luzes.
CAUSA: Você caiu de costas no chão.
SOLUÇÃO: Coloque seu corpo a 90 graus do solo.

SINTOMA: O chão está embaçado.
CAUSA: Você está olhando para o chão através do fundo do seu copo vazio.
SOLUÇÃO: Compre outra cerveja ou similar.

SINTOMA: O chão está se movendo.
CAUSA: Você está sendo carregado ou arrastado.
SOLUÇÃO: Pergunte se estão te levando para outro bar.

SINTOMA: O local ficou completamente escuro.
CAUSA: O bar fechou.
SOLUÇÃO: Pergunte ao garçom o endereço de sua casa.

SINTOMA: O motorista do táxi é um tamanduá cor de rosa.
CAUSA: Você bebeu muitíssimo.
SOLUÇÃO: Peça ao tamanduá que o leve para o hospital mais próximo..

SINTOMA: Você está olhando um espelho que se move como água..
CAUSA: Você está para vomitar em uma privada.
SOLUÇÃO: Enfie o dedo na garganta

SINTOMA: As pessoas falam produzindo um misterioso eco.
CAUSA: Você está com a garrafa de cerveja na orelha.
SOLUÇÃO: Deixe de ser babaca.

SINTOMA: A danceteria se move muito e a música é muito repetitiva.
CAUSA: Você está em uma ambulância.
SOLUÇÃO: Não se mova. Possível coma alcoólico.

SINTOMA: A fortíssima luz da danceteria está cegando seus olhos.
CAUSA:Você está na rua e já é dia.
SOLUÇÃO: Tente encontrar o caminho de volta para casa.

SINTOMA: Você sente seu rosto úmido e pegajoso.
CAUSA:Você está caido na sarjeta e um cão está lambendo sua cara..
SOLUÇÃO: Levante-se e tente voltar para casa.

SINTOMA: Seu amigo não liga para o que você fala.
CAUSA: Você está falando com uma caixa de correios.
SOLUÇÃO: Procure seu amigo para que ele te leve para casa.

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posted by Chando, Lucas at 2:33 PM | Permalink |